1. A cultura da fraude.
1.1. A raiz do problema.
A Economia é uma das denominadas Ciências Sociais. Estas Ciências estudam a organização e o funcionamento da sociedade e da sua cultura. O objecto das Ciências Sociais é o Homem. A Economia é uma Ciência Social na medida em que se ocupa do comportamento humano procurando estudar o modo como os indivíduos e as organizações da sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços.
A Economia estuda, pois, um certo tipo de comportamentos sociais. Assim, a boa Economia, isto é, a Economia da abundância, resultará em grande parte da escolha de bons comportamentos sociais e a má Economia, isto é, a Economia da escassez, resultará também em grande parte de maus comportamentos sociais.
As relações económicas de produção, troca e consumo de bens e serviços designam-se genericamente como negócios. Todos os negócios se baseiam num pressuposto de honestidade (verdade, confiança, lealdade) entre as partes que negoceiam, assente ou não em garantias. Os bons negócios serão, então, aqueles em que as partes têm bons comportamentos sociais económicos – honestidade – e os maus negócios aqueles em que pelo menos uma das partes tem maus comportamentos sociais económicos – desonestidade (mentira, abuso de confiança, deslealdade).
Em artigos seguintes dar-se-ão uma série de exemplos (uns publicados, outros discretos) demonstrativos que a cultura da fraude (da mentira, do abuso de confiança e da deslealdade) estão entranhados profundamente na sociedade portuguesa, impedindo o seu progresso económico – e não só.