“E se Cristo nunca existiu?” Esta é a primeira frase do primeiro (e único, até este momento) comentário ao postal anterior aqui no Jardim – postal esse que se resume a um vídeo de música natalícia intitulada What Child is This.
A existência real do homem chamado Jesus é hoje um facto aceite com pouca discussão por quem estuda História. As referências de Flávio Josefo – um historiador judeu romanizado que escreveu a História dos judeus para os romanos – fazem o testemunho secular da existência do homem chamado Jesus nos seguintes termos:
“Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio, que praticou boas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulos pregaram a sua doutrina. Eles afirmam que Jesus lhes apareceu três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messias previsto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas” (Josefo, “Antiguidades Judaicas” XVIII,3,2). (cf. aqui)
Uma outra fonte não cristã que prova a existência histórica de Jesus é o Talmude que, apesar de se referir a Jesus e à sua Igreja de forma pouco simpática, dá notícia da sua crucificação como “ocorrida na véspera da Festa da Páscoa”, bem como de alguns dos milagres feitos por Ele, sem tentar negá-los, embora os explique como sendo “artes mágicas do Egipto”.
Eu entendo, no entanto, que não é a existência de Jesus enquanto figura histórica que o comentador Diogo pretende pôr em causa, mas a de Jesus enquanto Filho de Deus, aquele de quem dizem os crentes que “Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.”.
Para ter a certeza que esse Jesus, o Cristo, existiu, não são necessárias (nem seriam suficientes) referências em documentos da época. A prova bastante está no conjunto de pensamentos que suportam a fé – não sei se a de outros, mas pelo menos a minha – e que tentarei resumir a seguir:
Cristo é A Esperança – no sentido de que não há outra semelhante ou equivalente – para toda a humanidade. Logo, sem Cristo não há Esperança. Onde não há Esperança, há Desespero. O Desespero é contrário à Vida. Ou, dito de outro modo, o Desespero mata – infalivelmente. (Pois, se na juventude o Homem ainda pode esperar o tempo de vida que supõe poder vir a ter, o que poderá esperar o Homem na velhice?) Portanto, sem Cristo estaríamos mortos – a maior parte de nós teria existido brevemente, na melhor das hipóteses, ou não teria sequer existido. Ora, nós estamos vivos – alguns de nós, pelo menos – e mais, queremos continuar a viver. Isso significa que a Esperança existe entre nós. Sendo Cristo, como foi dito no início, a (única) Esperança para toda a humanidade, então, Ele também existe – tanto para os Nele crêem como para os que Nele não crêem.
