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Criar revolta nos polícias neste momento?

Uma ideia interessante. Mas, há que admitir, muito pouco inteligente.

Os cortes detectados ontem nos recibos dos vencimentos a pagar este mês estão a revoltar os polícias. “Em média cada um vai receber menos 200 euros, num salário de mil. Ultrapassaram-se os limites. O Governo quer destruir as polícias e, por isso, há um clima de revolta.

“Outra manifestação igual à de 21 de Novembro é possível. Não queremos incitar a nada, mas já não é possível reprimir a revolta. …”
(Polícias em “revolta” contra cortes admitem nova manifestação e “fazer de tudo” contra o Governo, Pedro Sales Dias, 10/01/2014, PÙBLICO)

O Pedro Coelho não passa, afinal, de um ladrão.

Peter rabbit watches the gardener workingEm defesa do hortelão, que se farta de trabalhar para produzir as hortaliças e os legumes… (1)

Quando Beatrix Potter escreveu em 1893 a famosa história de Pedro Coelho não lhe raiaria a fímbria do pensamento que estava simultaneamente a criar uma horrível distopia, a qual viria a tornar-se realidade muitos anos depois num outro jardim “à beira-mar plantado“.

Peter rabbit flopsy bunniesA história é simples e resume-se num ápice. Pedro Coelho (seguramente com a ajuda de um grupo de amigalhaços… do alheio) entra no jardim, aproveitando a distracção do hortelão que se encontrava ocupado a expulsar um bando de ratos que estavam a destruir-lhe tudo, para se empanturrar (e empanturrar os amigalhaços pois, como toda a gente sabe, não há empanturramentos de borla) à custa do que vai roubando.

E, o Pedro Coelho continua a gamar na horta, confiante no final clássico da história, aquele em que ele consegue fugir para se refugiar na casa da mama, digo, mamã. Mas, o Pedro Coelho que se cuide, pois os finais das histórias tendem a ser instáveis, em especial quando há muita gente a querer que sejam alterados. Pode muito bem vir a acontecer ao Pedro Coelho a mesmíssima coisa que a autora do conto refere ter acontecido ao paizinho dele.

(1) e do motorista que os transporta até ao mercado, e do pequeno comerciante que os vende, e do mecânico que repara a camioneta do motorista, e do professor que ensina os filhos deles, e dos aposentados que se fartaram de trabalhar para criar todos estes filhos da pátria, e… em geral, de todos os que trabalharam e trabalham para poderem comer sem roubar.

A imagem do governo português ao 2.º dia de Julho de 2013.

Castelo de cartasVítor Gaspar sai e queixa-se de falta de coesão do Governo
Pedro Crisóstomo, 01/07/2013 (PÚBLICO)

Portas demite-se do Governo descontente com solução para as Finanças
Sofia Rodrigues, São José Almeida e Leonete Botelho, 02/07/2013 (PÚBLICO)

Actualização (3 Jul. 2013 – 00:15)

Morais Sarmento também sai do Governo
01 Julho 2013, por Sara Antunes (Negócios)

Mota Soares e Assunção Cristas vão demitir-se amanhã
2 de Julho de 2013 (Diário Digital)

O PSD e ‘O Botão Gigante da Legitimidade’ em política.

Os actuais governo e legislatura perderam em menos de uma semana toda e qualquer legitimidade política que pudesse restar-lhes ainda perante o seu próprio eleitorado. Convenhamos que é obra!

The Giant Button of Legitimacy - cartoon by Rutherford & Fletcher

Carta a Gaspar.

Aberta, para que – não dispondo eu de alguém de confiança por quem a enviar – qualquer pessoa a possa levar.

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Senhor ministro Vítor Gaspar,

Dirijo-lhe esta porque o vejo, tal como o governo de que faz parte, tão distante dos cidadãos como estava o famoso general Garcia lá pelas montanhas do Oriente e, tal como ele, encurralado na escolha entre lutar só contra os interesses instalados ou colaborar com a potência federal.

Não tem a presente como objectivo censurar a sua governação, apesar dos seus reconhecidamente medíocres resultados, mas oferecer-lhe ajuda, pois quero acreditar nas suas boas intenções. Também sei perfeitamente que, muito provavelmente, tenderá a não levar a sério a minha oferta, o que será um erro. Mas, também nisto, o aceitar ou não é escolha sua e nada mais há que eu possa fazer, na minha insignificância, para além de oferecer e garantir que a oferta é feita com séria intenção.

Coloco-me, pois, à sua disposição para lhe propor uma inversão da actual espiral recessiva com apenas três medidas, a saber:
– Uma que trará resultados imediatos no relançamento da Economia;
– Outra, que equilibrará rapidamente as contas da Segurança Social;
– Outra ainda, que fará o refinanciamento imediato do erário público.

Nenhuma dessas medidas prevê aumento de impostos ou novos impostos sobre os cidadãos, mais confiscos de parcelas salariais, quebras contratuais nas PPP, taxas sobre capitais ou outras medidas de financiamento com efeitos negativos para o relançamento da actividade económica. Antes pelo contrário.

Gostaria de deixar muito claro que não me dirijo a si em representação de alguém, para além de mim mesmo e de Deus, que não me movem quaisquer interesses comerciais, corporativos ou ideológicos, e que não pretendo posições de poder, influência ou enriquecimento fácil.  Mas, também, que não darei conhecimento das medidas deste quadro de acção gratuitamente, que elas terão um custo, pois não seria de modo algum justo indicar caminhos capazes de resgatar um país sem qualquer compensação.

Por último, quero ainda deixar bem claro que não aceitarei falar com intermediários, qualquer que seja a sua posição no governo ou fora dele, mas apenas com o senhor ministro Vitor Gaspar, em pessoa. Para me fazer saber da sua disponibilidade use, por favor, o e-mail que consta da minha breve descrição pessoal neste blogue onde publico a carta. Fico ao dispor.

Os melhores cumprimentos.

O país dos espertalhões tranquilos.

BPN - privatizaçãoSe você ou eu subtraíssemos uma lata de conserva num supermercado seríamos detidos (acho catita este eufemismo para preso) e ficaríamos à disposição de um sistema judicial que tudo faria para nos tirar qualquer réstea de tranquilidade. Se você ou eu fossemos acusados pelo fisco de dever 1 euro (coisa que até poderia não ser verdade, como acontece com demasiada frequência) seríamos objecto de uma sanha persecutória que impossibilitaria o mais leve lampejo de tranquilidade. E, no entanto, há quem esteja acusado de coisas muito mais graves mas consiga manter-se “de consciência tranquila”, “tranquila” e até mesmo “perfeitamente tranquilo”.  Não acreditam? Então vejam (por ordem cronológica de publicação das notícias):

O ex-deputado do PS Carlos Lopes foi condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção, peculato e falsificação de documentos, mas vai recorrer da sentença “absurda”, …  Aguardo com serenidade o desenrolar do processo, de consciência tranquila, …
(Ex-deputado do PS condenado a 11 anos de prisão, 29 Janeiro 2013, CM)

Ana Ribeiro rejeita a acusação e assegura que “não foi beliscado o interesse público, nem o das populações”, … Para a autarca, que está “tranquila“, …
(‘Anita’ do Bloco acusada, 01 Fevereiro 2013, Por:Sofia Piçarra com Lusa, CM)

O novo secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação mostrou-se esta sexta-feira «perfeitamente tranquilo» com a entrada no Executivo, …
(Franquelim Alves: Nuno Melo não disfarça embaraço, Por: tvi24/CLC, 2013-02-02)

Para estes, como muito bem diz Paulo Bento, o inventor português da “dranquilidade”: «O nosso objectivo é ganhar o nosso jogo»
Os outros (como você e eu) que se… coisem!

Quer explicar, doutor Gaspar, porque é que as exportações crescem e o PIB contrai?

Exportações aumentam 15,1% e importações caem 3,6%
Publicado em 2012-01-09 (Jornal de Notícias)

Exportações aumentam mais de 10%
Por Redacção, 2012-04-09 (Agência Financeira)

Fitch. PIB português vai cair 3,7% em 2012, mais austeridade é “provável”
Por Agência Lusa, publicado em 27 Mar 2012 (jornal i)

OCDE: Portugal tem maior queda do PIB em 34 países
Por Redacção, 2012-04-05 (Agência Financeira)

Ou então, dado vossência estar provavelmente muito ocupado a fazer demagogia, digo, política, talvez possa pedir ao seu amigo e colega doutor Catroga – homem a quem não escapam os mais ínfimos pêlos, digo, pormenores – que venha fazê-lo em seu lugar?

Nota: Caso não dê jeito a nenhuma de vossências vir a público esclarecer esta pilosa, digo, delicada questão, eu tenho cá uma teoria… Acham que diga?

Itália: novo governo sem políticos.

Roma (AP) — O primeiro-ministro Mário Monti formou na quarta-feira [hoje] um novo governo italiano sem um um único político, a partir das fileiras dos banqueiros, diplomatas e executivos financeiros para criar uma equipa que conduza a Itália para longe do desastre financeiro.

(tradução expedita de um excerto desta notícia da Associated Press, hoje)

A Bélgica, sem governo há 520 dias agora (aprox. 1 ano e meio), tem a sua Economia a crescer mais do que a alemã.

Na actual conjuntura europeia os políticos servem para quê?

Curar a bebedeira com mais bebida?

Enquanto o PIB mundial é de 70 biliões de dólares, o mercado de títulos é de 95.000 biliões (mais de 1.000 vezes superior), as bolsas “valem” 50.000 biliões (cerca de 1.000 vezes mais) e seus derivados “valem” 466 mil biliões (6.500 vezes mais). Uma situação insustentável. O que está por trás destes números de títulos, valores mobiliários e derivativos é um capital especulativo que é milhares de vezes maior do que a economia real. Perante esta massa de capital a taxa de lucro tende para zero de forma imparável, pois os lucros saem – no fim de contas – da economia real. O sistema capitalista vai entrar em colapso. A cada 2,4 horas move-se pelo mundo uma quantidade de dinheiro equivalente ao PIB total de um ano!

A estrutura do Banco Central Europeu facilita a especulação. Na verdade, o BCE pode emprestar a bancos privados a uma taxa de juros de 1% mas não pode fazê-lo para os Estados, que têm de recorrer às entidades privadas através da dívida pública com juros muito mais altos. Desta forma, os bancos privados podem colectar os empréstimos do BCE a taxas de juro baixas e comprar dívida pública a juros muito mais altos.
(leia o artigo completo, em espanhol)

O que fazem, então, os donos do BCE? Preparam-se para aumentar o negócio FEEF para 1 bilião de euros.

E, quem vai pagar este novo “investimento” dos senhores da UE? Vá lá, esta vocês sabem responder agora…

Dextra sinistra.

Sem tempo para esmiuçar em texto este novo plano de aumentos de impostos do novel ministro dos impostos português – o que só espero poder fazer logo ao final do dia -, deixo aqui mais uma pequenina imagem de síntese que expressa bem (pelo que tenho ouvido) o sentimento geral dos portugueses quanto ao assunto:

Nota: Imagem recebida por e-mail datado de 4-02-2011 sem qualquer referência de autoria.