Monthly Archives: March 2014

A cobardia da UE para com a Ucrânia.

É absolutamente vergonhoso que, depois de ter apoiado e, provavelmente, mesmo fomentado uma sublevação popular na Ucrânia a favoDurão cobarder da “integração europeia” daquele país, a União Europeia, não só abandone os ucranianos à agressão dos russos na Crimeia, como ainda por cima se prepare para castigar o povo ucraniano com brutais medidas de austeridade económica.

Pelo menos, ficamos a saber que afinal parece poder confirmar-se ser a Europa governada por cobardes.

Até quando irá o Pai perdoar?

E ainda tens cara para me dizer, Ó pai, foste sempre para nós um amigo. Não vais ficar zangado com essas coisas tão pequenas! Vais com certeza esquecê-las! É essa a vossa conversa, e entretanto continuam fazendo o mal que vos apetece.
Jeremias 3: 4-5 (OL)

Imaginem um Pai irrepreensível, sempre bom, justo e amantíssimo para com um sem número de filhos cada vez mais maus, rebeldes e ofensivos, tão alienados dele que negam a Sua existência. Imaginem este Pai a chamar aqueles poucos dos seus filhos que, apesar da gritaria que todos os outros fazem, ainda são capazes de O ouvir, pedindo-lhes que avisem os seus irmãos do terrível castigo que eles próprios estão a preparar para si mesmos. Aqueles de entre vós que conseguem mesmo imaginar esse Pai, já encontraram Deus. Aqueles que conseguem ainda ouvir esse Pai e, em obediência a Ele, avisam os irmãos do terrível destino a que as maldades os estão a conduzir, são chamados Profetas.

Quem tramou Portugal foram os patos.

Não pretendendo diminuir de forma alguma a responsabilidade do pato de silêncio do João Lemos Esteves*, e dos correlacionados “patos” de estabilidade e crescimento e de regime que a Madalena Homem Cardoso aqui trouxe (muito bem) à colação, mas sem recorrer a qualquer tipo de malas-artes ou à crítica de erros ortográficos de palmatória, há que dar o seu a seu dono e reconhecer que os principais responsáveis pelo nacional desastre são dois tipos de patos, mesmo patos. O primeiro tipo foi o dos patos-bravos, que proliferaram nos idos de oitenta/noventa do século passado. O segundo é o dos patos-mudos (subespécie parlamentar) que proliferam actualmente no ecossistema político nacional. Os do primeiro tipo dedicaram-se a exaurir a liquidez, então abundante, do ecossistema nacional, patrocinados por um Cavaco qualquer. Os segundos, perante a escassez do fluido recurso (provocada pelos primeiros) acantonam-se preferencialmente junto às nascentes parlamentares, caladinhos a fazer o que lhes mandam os abutres (subespécie financeira). É esta a patologia, grave e prolongada, de que a nação vem padecendo.

Pós-post: O texto anterior poderia acabar assim mesmo, porque o ponto que pretendia provar fica mais do que provado. No entanto, aquele é um final sem esperança para o pato-comum (subespécie portucalense). E, não precisa de ser. Mas, para isso, o pato-comum tem que perceber algumas coisas que podem parecer óbvias e, afinal, (parece que) não são. A 1.ª é que ele, pato-comum, é a espécie dominante, isto é, aquela que existe em (muito) maior número. A 2.ª é que não pode deixar-se ocupar com futebóis, novelas, casas dos segredos e outras tretas que os abutres lhe enfiam (aparentemente) de borla para o ter entretido, e focar a sua atenção naquilo que é importante: a realidade da sua vida. A 3.ª é que os patos-mudos podem ser de várias cores, do vermelho ao verde, passando pelo azul e pelos predominantes laranja e rosa, mas são todos da mesma espécie e não vão sair de sua vontade do lugares junto à origem da liquidez, pelo que será preciso tirá-los de lá. A 4.ª e última, é que as mudanças até podem fazer-se sem violência** mas… nunca podem fazer-se sem desobedecer à lei, porque a lei é feita pelos patos-mudos para seu benefício e o dos abutres que eles servem. Perceberam, ou precisam que vos dê música? (Pois, parece que até gostam…)

Nota: Para quem preferir a versão hardcore do vídeo posto no final, fica aqui o linque respectivo – http://youtu.be/PEyqPMai1NQ

*Estêves, sem acento circunflexo, lê-se [es-té-ves].
**Pelo caminho que isto está a levar, vai ser difícil mas (talvez) não seja impossível.

Um Estado extorsionário comandado por estúpidos.

Muitos portugueses pensam ainda que são governados por bandidos. Estão equivocados. Vejamos porquê.
Como toda a gente sabe, um bandido é um indivíduo que obtém um ganho causando aos outros um prejuízo. Ora, isto não constitui explicação suficiente para os casos a seguir descritos:

Uma média de 12 milhões de vendas anuais revelavam-se insuficientes. Os 23 milhões de euros de passivo acumulado pela Throttleman e Red Oak levaram então a que, em Novembro de 2012, ambas avançassem para o “Processo Especial de Revitalização”, um mecanismo criado pelo Estado para ajudar empresas em dificuldades.

Aceite pelo tribunal o “Plano de Recuperação”, vida nova? Errado. As Finanças interpõem um recurso judicial que impediu a recuperação de arrancar. Há um ano. Apesar das Finanças e da Segurança Social terem assegurado o ressarcimento de 100% da dívida em 150 prestações, acrescidas de juros a uma média de 6,25%, as Finanças não aceitaram que os juros antigos e as coimas fossem perdoados em 80%.

A Throttleman andou 12 meses a lutar com as Finanças em recursos judiciais e depois o processo encalhou no Tribunal Constitucional. Entretanto, a gestão tornou-se impossível. Há dias anunciou o pedido de insolvência. Tinha 200 trabalhadores. As Finanças (e todos os outros) vão agora receber zero ou pouco mais. (excerto deste artigo no JN)

Nas Finanças, evidentemente, começaram a levantar problemas porque não tínhamos pago o imposto de selo tendo em conta a data de assinatura do contrato e apresentaram logo o valor da multa a pagar. À pessoa da AT que atendia o nosso colaborador, foi apresentado um e-mail dos advogados referindo que tínhamos de fazer o pagamento do imposto de selo segundo a data de início de contrato, com excertos do DL relevante – que isto para se lidar com a AT tem de se ir preparado e perder tempo e gastar recursos em inutilidades como andarmos a corresponder-nos com os advogados por ninharias. O funcionário da AT não perdeu mais tempo, não leu o que escreveu o nosso advogado, aceitou o depósito de uma das cópias do contrato, carimbou as restantes e ficou tudo tratado.
Em suma: a AT tentou aldrabar-nos exigindo o pagamento de uma multa que não deveria ser exigida, sabendo que não havia razão para a sua exigência. Como percebeu que não resultaria, deixou-nos ir e que não tornássemos a pecar. (excerto deste postal no blogue O Insurgente)

StupidityO que falta para explicar estes casos é a lei fundamental da estupidez humana, segundo o historiador de Economia Carlo Maria Cipolla: Uma pessoa [humana ou jurídica] estúpida é aquela que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer prejuízo.

Não é difícil compreender de que forma o poder político, económico ou burocrático aumenta o potencial nocivo de uma pessoa estúpida.

As acções do bandido seguem um modelo de racionalidade. Racionalidade perversa, se assim quisermos, mas sempre racionalidade.

Como está implícito na Terceira Lei Fundamental, uma criatura estúpida persegui-lo-á sem razão, sem um plano preciso, nos tempos e nos lugares mais improváveis e impensáveis.

Com um sorriso nos lábios, como se fizesse a coisa mais natural do mundo, [digam lá se ao ler isto não vos vem ainda à ideia esta imagem?] o estúpido surgirá inopinadamente para lhe dar cabo dos seus planos, destruir a sua paz, complicar-lhe a vida e o trabalho, fazer-lhe perder dinheiro, tempo, bom humor, apetite e produtividade – e tudo isto sem malícia, sem remorsos e sem razão. Estupidamente.
(in As Leis Fundamentais da Estupidez Humana, Carlo Cipolla, Padrões Culturais Editora)

Nisto, também, o Pedro se revela, cada vez mais, um continuador e imitador do José.