– Uma tragicomédia em acto único.
.

Entra em cena o grande líder e diz de modo melífluo:
“Os portugueses sabem que o PS e a maioria PS nunca abusou do poder que tinha”1
O povo responde em coro:
“Vimos vir uns dez ou 12. Disseram que os queijos tinham de ser presos, que os levavam para os destruir. Enervei-me de tal maneira que os desfiz eu, no chão. Desfiz 26 no valor de 150 a 200 euros. …”2
Ouve-se, vinda de fora de cena, a voz de um mecenas:
“as competências atribuídas de autoridade e órgão de polícia criminal à ASAE foram de pura iniciativa governamental, não mencionando a autorização legislativa parlamentar, quando a atribuição do seu estatuto e poderes é uma reserva da competência da Assembleia da República, que não foi respeitada”3
Volta a falar o grande líder, agora de forma insidiosa:
“Isso é um abuso, é não respeitar a democracia. A nossa legitimidade está intocável”1
Ouve-se uma voz singular saída do coro-povo:
“… Que venha o senhor ministro fazer queijos um mês e me dê o salário dele. Levaram-me 13 queijos, quero ver agora quem paga as minhas contas”2
De novo o grande líder, sibilinamente:
“Distingue-me do PSD, fundamentalmente, um ponto: as funções sociais do Estado”
“Estou muito satisfeito comigo (…) Mas não quero ser juiz em causa própria, vamos deixar esse julgamento para os portugueses”1
Vamos, pois!
(o) PS: virá a descobrir que este grande líder e o improvável grupo de sequazes que o acompanha são uma nódoa que levará anos a sair; vai ser pior, muito pior, do que a nódoa provocada pelo cherne escapista.
—-
1José Sócrates quer “coligação com o país”, 2009-06-17, Jornal de Notícias.
2Acção da ASAE em Mirandela deixa comerciantes de queijo indignados, 2009-06-05, Diário de Trás-os-Montes.
3Empresário avança com acção contra a ASAE, 2008-11-16, Jornal de Notícias.