Foi possível, finalmente, dar uma leitura (ainda que parcial e rápida) ao Memorando de Entendimento nos Condicionamentos Económicos Específicos da Política Económica para Portugal, estabelecido com o FMI/BCE/EU com vista a permitir o empréstimo para resgate da dívida pública portuguesa – aproveitando gratamente a tradução feita pela equipa do blogue Aventar.
A primeira e mais importante conclusão que é possível tirar, é aquela expressa no título do presente texto: a de que acabou a dominação dos falsos socialistas incompetentes que conduziram a Administração Pública portuguesa à insolvência, o país à estagnação económica e uma parte substancial do povo à penúria.
Ao contrário do que acontece usualmente neste país, os responsáveis pelo descalabro são reconhecidos como tal e podem mesmo ser apontados. São eles os (ainda) primeiro-ministro e ministro da Finanças – ajudados até certa altura pelos (tristemente famosos) Pino e Lino. Estes indivíduos são responsáveis pela destruição da subsistência, nalguns casos da vida, de muitos milhares de pessoas. Só no limitado âmbito dos meus relacionamentos conheço duas dezenas de casos. Estes indivíduos têm que prestar contas, têm que ser levados à justiça pelas associações representativas daqueles que destruíram (e continuam a destruir) de forma deliberada e calculista.
Lê-se e ouve-se por aí que as condições deste Memorando obrigam à suspensão da democracia. Não é verdade. Esta é a segunda mas não menos importante conclusão. O que este Memorando faz é suspender o actual pseudo-socialismo cleptocrático. Qualquer pessoa que conheça o significado da palavra sabe que a democracia foi suspensa em Portugal pelo primeiro governo de José Sousa, vulgo Sócrates, em 2005. (Seria essa, aliás, a razão que conduziria à fundação deste blogue, mas esse assunto será explanado num dos textos seguintes.)
É preciso sab
er olhar para além das aparências. Sócrates e a sua camarilha vão usar todos os truques e enganos para tentarem iludir (e iludir-se quanto) aquilo, que já sabem (sim, eles já sabem), irá acontecer. Eles são mestres nas artes das aparências. Mas a realidade é esta: toda a dominação tem um fim e esta dominação sobre os portugueses acabou.
Então, os espíritos malignos saíram do homem e entraram nos porcos, e a vara, cerca de uns dois mil, precipitou-se do alto no mar e ali se afogou.
Marcos 5, 13
A terceira conclusão não é, infelizmente, tão positiva como as anteriores. É mais um aviso. As medidas preconizadas no Memorando não resolvem o problema estrutural da falta de crescimento da Economia portuguesa. Sendo isto uma coisa tão óbvia, é caso para perguntar se não será também deliberada da parte daquelas Economias que pretendem (sem rebuço, sequer) dominar a União. É que, depois de convencerem os governantes destes país, com falas mansas e subsídios, a demolir durante trinta anos as actividades produtivas básicas para a subsistência – a agricultura e as pescas – e as indústrias básicas tradicionais – os têxteis e o calçado –, estão agora a criar as condições para a colonização completa do país pelas poderosas empresas industriais e comerciais alemãs e espanholas, principalmente (já iniciada, aliás: basta atentar na origem dos bens que os portugueses compram).
Desta forma, o caminho de Portugal não será diferente do da Grécia e da Irlanda – a total dependência económica e a total submissão política. Ou, em alternativa, a saída da moeda única.
Uma sociedade que troca um pouco de liberdade por um pouco de ordem acabará por perder ambas, e não merece qualquer delas.
Thomas Jefferson (1743-1826), carta a James Madison
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