após perdidos mais 1800 postos de trabalho qualificados e €170 milhões de dinheiros públicos.
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1º andamento – A demagogia impante:
Falando em Vila do Conde durante a cerimónia de anúncio de um novo projecto da empresa alemã Qimonda na área das células fotovoltaicas, o primeiro-ministro apontou este caso como mais um exemplo de como «as multinacionais estão satisfeitas com a economia e com a capacidade dos portugueses». … (Portugal Diário, Sócrates: Portugal vendeu mais tecnologia, 05-05-2008)
No final da sua intervenção, o primeiro-ministro elogiou o trabalho “bem feito” da Qimonda, salientando o “bom exemplo” da empresa que valoriza o mérito e a iniciativa. … (Maia Digital-Portal Empresarial, José Sócrates assinou protocolo com a Qimonda na ordem dos 70 milhões de euros, 2007-03-21)
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2º andamento – a dura verdade que a desmente:
A Qimonda é uma multinacional de semi-condutores eléctricos situada em Vila do Conde (distrito do Porto) que emprega mais de 1700 trabalhadores, com uma média de idade de 26 anos. Nesta empresa, considerada “modelo” pelo governo do PS/Sócrates, 80% dos trabalhadores tem vínculos laborais precários e são sujeitos a um horário de trabalho desumano de 12 horas. … (Qimonda – modelo de precariedade e exploração, 11-Out-2008, página da Organização Regional Porto do PCP)
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte (STIEN) teme o encerramento da Qimonda em Vila do Conde e o despedimento dos 2.000 trabalhadores. Se a empresa fechar as portas “é um golpe muito profundo”, respondeu ao Negócios o coordenador do STIEN, Daniel Sampaio. … (Jornal de Negócios, “É um golpe muito profundo” fechar a Qimonda em Portugal, 23 Janeiro 2009, Isabel Costa)
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3º andamento – e a inacção de quem só sabe produzir demagogia:
O Ministério da Economia não se pronuncia sobre a notícia de que a Qimonda entrou, já hoje, com um processo de insolvência no Tribunal de Munique. … (Rádio Renascença, Governo não comenta falência, 23-01-2009)
O ministro da Economia espera que seja encontrada uma solução para a Qimonda Portugal, após ter sido conhecido que a casa-mãe, na Alemanha, declarou falência. … (Portugal Diário, Ministro espera solução para Qimonda Portugal, 23-01-2009)
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E o povo português, o que espera?
Será que é desta que os portugueses vão acordar? De ressaca, certamente, mas acordar? Finalmente, abrir os olhos e olhar a realidade, a dura mas verdadeira realidade? Acordarão agora os portugueses, que têm vivido no universo Matrix cor-de-rosa, embalados pelos discursos falsos e demagógicos do primeiro-ministro descaradamente propalados por alguns produtores de papel impresso escrito por um exército de Smiths?

O governo terá ou não perdido 170 milhões de euros de dinheiro público?
A empresa é apontada como um exemplo de sucesso e de apostar em produtos de ponta com forte potencial de exportação e apenas em Maio do ano passado tinha obtido novos fundos públicos para apoiar a produção de células solares. … (Público, Qimonda Portugal é líder das exportações nacionais, 10.07.2007, Natália Faria)
Recorde-se que, nesse mesmo mês, o primeiro-ministro, José Sócrates, deslocou-se à empresa para assinar um contrato de investimento com o Estado no valor de 70 milhões de euros. … (Público, Qimonda, maior exportador nacional, abre processo de falência, 23.01.2009, Eduardo Melo)
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Os 70 milhões, esses não há dúvidas que estão perdidos. E os 100 milhões?
O contributo nacional, através da Caixa Geral de Depósitos, foi de €100 milhões, o que equivale a 14% do valor investido pela empresa no país em 10 anos. “É um crédito, a pagar pela empresa à CGD, não um subsídio”, refere o porta-voz da Qimonda, Ralph Heinrich. … (Expresso, Empresas: Qimonda volta a ter esperança, 29 de Dez de 2008, Margarida Cardoso e Carlos Martins)
A Agência Financeira contactou a CGD para saber se o empréstimo tinha chegado a ser feito, mas fonte oficial recusou-se a comentar. Já fonte próxima da unidade portuguesa da Qimonda, afirmou à Agência Financeira que as negociações ainda estavam a decorrer e que o empréstimo não chegou a ser efectivado. … (Portugal Diário, Qimonda na falência após falhanço do financimento, 23-01-2009, Paula Martins)
Existe uma clara contradição entre a primeira notícia (que usa o passado: “O contributo foi…de €100 milhões…”) e a segunda notícia (“as negociações ainda estavam a decorrer…”). Em ambos os casos as declarações têm origem na empresa e, estranhamente, a CGD “recusou-se a comentar”. Porquê? A costumeira falta de transparência cria uma dúvida razoável.
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Que consequências para a(s) Economia(s) envolvidas podem deduzir-se imediatamente a partir destes factos?
1. A economia nacional vai ser duramente afectada. Perder o maior exportador nacional neste momento difícil é um desastre, como compreenderá qualquer pessoa dotada de um cérebro a funcionar;
A Qimonda terminou o ano de 2007 como a maior exportadora nacional, com um volume de negócios de 1,4 mil milhões de euros, representativo de 5% das exportações portuguesas. … (Económico, Qimonda representa 5% das exportações nacionais, 23/01/09, Pedro Duarte)
2. A economia alemã, o pilar da economia comunitária da zona euro, começa a mostrar sinais óbvios de dificuldades e isso não indicia nada de bom. Nada mesmo…
A Qimonda tem vindo a enfrentar uma queda acentuada nas suas encomendas, em particular na Ásia, o seu principal mercado, que levou a uma quebra dos preços dos produtos em 51% durante o ano passado. Em consequência, no exercício fiscal de 2007/2008, a companhia registou um prejuízo de quase três mil milhões de euros. … (Económico, Qimonda representa 5% das exportações nacionais, 23/01/09, Pedro Duarte)
Mais demagogias:
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/493701
Mais informação sobre a Qimonda e a falência:
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=350744
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/ce4e4d4e68ecb9793f53c2.html
http://www.reuters.com/article/companyNewsAndPR/idUSLM67106820090122