Category Archives: ESTADO (POUCO) SOCIAL

A morte assistida do Estado Social em Portugal.

“Alguém que está desempregado algum problema deve ter, senão teria conservado o seu emprego” (Pedro Passos Coelho, actual primeiro-ministro português, dixit)

Em números redondos há cerca de 1 milhão de pessoas com “algum problema” em Portugal. Para além dos que não conseguem conservar “o seu emprego” há ainda aqueles, ainda mais problemáticos, que nunca tiveram “o seu emprego”. Estes malandros todos, não só não descontam para a Segurança Social, como ainda por cima alguns deles recebem um subsídio da dita. Como é que se consegue governar um povo assim?

Os descontos dos funcionOrcamento inchado - Portugal falidoários públicos cobrem apenas 13,7% da despesa com as pensões pagas pela Caixa Geral de Aposentações (CGA). … o Estado, através do Orçamento do Estado e das contribuições de entidades públicas, injetou na CGA mais de 6,5 mil milhões de euros.

A pressão financeira é também elevada na Segurança Social, com as necessidades de financiamento a ultrapassarem os 956 milhões de euros. … O relatório realça ainda que o número de trabalhadores integrados no mercado de trabalho após um estágio profissional do IEFP caiu de 42,4%, em 2013, para 33,3%, no ano passado. …
Descontos só pagam 13,7% das pensões, 21.07.2015, por António Sérgio Azenha, no C.M.

Para além destes, há também mais 300 mil fugitivos que foram arranjar emprego para outros países. E não é que esses insolentes têm o descaramento de descontar para a Segurança Social desses países onde trabalham! O governo diz-lhes que emigrem e eles vão logo fazer descontos para a Segurança Social de outros países. Caramba! Como é que se consegue governar um país assim?

Imagem do modelo do novo serviço nacional de saúde português.

Satiric illustration by John Holcroft“… Depois de analisar os dados registados entre 2002 e 2013, o INE diz que há menos camas de internamento nos hospitais públicos e mais nas unidades privadas.
Resulta ainda desta análise a conclusão de que diminuíram também os serviços de urgência básica e de atendimento permanente nos centros de saúde.
…o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde reafirmou, ainda, a necessidade de ser repensado o modelo de financiamento da saúde pública. …”
Ministério da Saúde desvaloriza dados do INE sobre internamento, 7 ABR 15, TSF

Quantos mais espoliados serão necessários para se atingir a massa crítica social* em Portugal?

Critical_massO Estado português apenas atribuiu prestações de desemprego a 367 mil desempregados em Março, deixando sem estes apoios cerca de 445 mil desempregados, segundo dados divulgados pela Segurança Social. De acordo com os últimos dados disponibilizados na página da Segurança Social (www.seg-social.pt), em Março existiam 366.914 beneficiários de prestações de desemprego, menos 6.741 pessoas do que em Fevereiro e o equivalente a 45% do último número total de desempregados contabilizados pelo Eurostat.
(Prestações de desemprego deixaram de fora 445 mil desempregados em Março, 28.04.2014, SIC Notícias)

Os casos de sobreendividamento, os efeitos da austeridade e as dívidas para cobrança executiva que acabam por entrar nos tribunais levaram, em 2013, à penhora de mais de 181 mil reformas, um aumento de 24% em relação ao ano anterior, escreve o Diário Económico. (…) A crise e os cortes nas reformas são razões adicionais que acabam nos tribunais e o multiplicar de processos de penhoras que recaem sobre os pensionistas. Os processos são por dívidas relativas a serviços essenciais como água, luz, gás e telecomunicações u processos referentes a dívidas a fornecedores, fianças e arrendamentos.
(Tribunais penhoraram 181 mil reformas em 2013, 2014-04-28, TVI 24)

*Massa crítica (sociodinâmica)

Nota: Para aqueles que não compreendem como os pequenos podem derrubar os grandes fica aqui uma explicação simples de uma reacção em cadeia.

Os cortes nas pensões na República Espertuguesa.

Abreviadamente*:

Forças de segurança são excepção aos cortes nas pensões
Por Ana Suspiro, publicado em 6 Ago 2013 (jornal i)

Juízes e diplomatas escapam a cortes nas pensões
por L.M.C., 07-08-2013 (Diário de Notícias)

Cortes nas reformas deixam políticos de fora
Por Margarida Bon de Sousa, publicado em 8 Ago 2013 (jornal i)

*porque há que trabalhar muito para haver dinheiro suficiente para os sevandijas do erário público.

Carta a Gaspar.

Aberta, para que – não dispondo eu de alguém de confiança por quem a enviar – qualquer pessoa a possa levar.

.

Senhor ministro Vítor Gaspar,

Dirijo-lhe esta porque o vejo, tal como o governo de que faz parte, tão distante dos cidadãos como estava o famoso general Garcia lá pelas montanhas do Oriente e, tal como ele, encurralado na escolha entre lutar só contra os interesses instalados ou colaborar com a potência federal.

Não tem a presente como objectivo censurar a sua governação, apesar dos seus reconhecidamente medíocres resultados, mas oferecer-lhe ajuda, pois quero acreditar nas suas boas intenções. Também sei perfeitamente que, muito provavelmente, tenderá a não levar a sério a minha oferta, o que será um erro. Mas, também nisto, o aceitar ou não é escolha sua e nada mais há que eu possa fazer, na minha insignificância, para além de oferecer e garantir que a oferta é feita com séria intenção.

Coloco-me, pois, à sua disposição para lhe propor uma inversão da actual espiral recessiva com apenas três medidas, a saber:
– Uma que trará resultados imediatos no relançamento da Economia;
– Outra, que equilibrará rapidamente as contas da Segurança Social;
– Outra ainda, que fará o refinanciamento imediato do erário público.

Nenhuma dessas medidas prevê aumento de impostos ou novos impostos sobre os cidadãos, mais confiscos de parcelas salariais, quebras contratuais nas PPP, taxas sobre capitais ou outras medidas de financiamento com efeitos negativos para o relançamento da actividade económica. Antes pelo contrário.

Gostaria de deixar muito claro que não me dirijo a si em representação de alguém, para além de mim mesmo e de Deus, que não me movem quaisquer interesses comerciais, corporativos ou ideológicos, e que não pretendo posições de poder, influência ou enriquecimento fácil.  Mas, também, que não darei conhecimento das medidas deste quadro de acção gratuitamente, que elas terão um custo, pois não seria de modo algum justo indicar caminhos capazes de resgatar um país sem qualquer compensação.

Por último, quero ainda deixar bem claro que não aceitarei falar com intermediários, qualquer que seja a sua posição no governo ou fora dele, mas apenas com o senhor ministro Vitor Gaspar, em pessoa. Para me fazer saber da sua disponibilidade use, por favor, o e-mail que consta da minha breve descrição pessoal neste blogue onde publico a carta. Fico ao dispor.

Os melhores cumprimentos.

Portugal* como cobaia da Nova Ordem Mundial**.

Como pensa um burocrata ao serviço de um dos muitos poderes supranacionais actuais (UE, FMI ou outro qualquer)?

1. Há demasiados pensionistas em Portugal. A maioria dos pensionistas são velhos. Porque é que há tantos velhos em Portugal? Porque a maioria da população tem tido acesso gratuito ou quase gratuito nos últimos 30 anos a cuidados de saúde de (quase) todas as especialidades médicas. Então, para diminuir o número de pensionistas basta restringir o acesso da população aos cuidados de saúde. Recomenda-se, pois, que o Estado português aumente o custo de acesso da população à saúde elevando as taxas moderadoras e, para obter mais rapidamente o efeito desejado sobre o grupo populacional dos velhos, que  diminua simultaneamente as pensões.Gouvernance mondiale et l'éveil des peuples

2. Há excesso de licenciados para as necessidades do mercado de trabalho em Portugal – mesmo depois de os exportar em grandes quantidades. Porquê? Porque a maioria dos jovens tem tido acesso à prestação de ensino gratuito ou quase gratuito nos últimos 30 anos. Então, para diminuir o número de licenciados basta restringir o acesso dos jovens à educação universal gratuita. Recomenda-se, pois, diminuir a oferta gratuita de ensino reduzindo drásticamente o número de professores do ensino público, o que permitirá simultaneamente uma redução a curto prazo da despesa do Estado com os respectivos salários (a médio/longo prazo, estes professores desempregados estarão incluídos na redução de despesa prevista acima, em 1.)

Relatório do FMI propõe subida de taxas moderadoras e dispensa de 50 mil professores
09/01/13, 09:15
OJE/Lusa

*Grécia, Irlanda, …

**A Nova Ordem e a Nova Ordem Mundial

Criar pobres e depois dar-lhes sopa?

Governo quer baixar limite mínimo do subsídio de desemprego em 10%
23.10.2012, Lusa, PÚBLICO

Na proposta enviada aos parceiros sociais, o Governo propõe ainda diminuir o valor do Rendimento Social de Inserção (RSI) em 6% (para 178,15 euros) e o valor de referência do complemento solidário para idosos em 2,25% (para 4909 euros).

Cantinas sociais: Governo dá de comer a quem tem fome
Pedro Mota Soares quer 10 vezes mais cantinas sociais até ao final do ano, para ceder refeições a famílias necessitadas
Redacção/CPS, 2012-10-24, AF

Estes capitalistas socialistas social-democratas(?) são mesmo uns beneméritos.

O dia em que os impostos liquidaram o país.

Ou, o dia em que o dinheiro matou a Economia em Portugal.

Foi ontem. O caminho grego está definitivamente tomado.

Uma breve recolha noticiosa tão só para memória futura:

Fisco cobra sobretaxa de 4% dos rendimentos já a partir de Janeiro
12.10.2012, João Ramos de Almeida, Paulo Miguel Madeira (Público)

Contribuintes perdem entre 3,85 e 8,72% do salário líquido
12 de Outubro, 2012, Lusa/SOL

Aumento do IVA fez cair vendas de bens alimentares afectados em 8%
12.10.2012, Ana Rute Silva (Público)

IRS: Trabalhadores independentes duplamente penalizados
12 de Outubro, 2012, Lusa/SOL

Subsídios de desemprego e de doença reduzidos
11 de outubro de 2012, Lusa (Expresso)

Deduções em IRS com crédito à habitação vão ser reduzidas
11 de outubro de 2012, Lusa (Expresso

Mediadores temem risco de “bolha imobiliária”
Ana Sofia Santos, 10 de outubro de 2012 (Expresso)

Acordai lá (mas virados para a Luz, pá!)

Vigília quer «acordar» Cavaco e Conselho de Estado
Filipe Caetano, 20- 9- 2012, TVI 24

Os oprimidos voltarão a alegrar-se no Senhor, e os pobres exultarão no Santo de Israel. Foi eliminado o tirano e desapareceu o cínico, e todos os que buscam a iniquidade serão exterminados: os que acusam de crime os inocentes, os que procuram enganar o juiz, os que por uma coisa de nada condenam os outros.
Isaías 29, 19-21

Muitos portugueses venderam todo o ouro para poderem comer.

Portugal Runs Out of Gold as Citizens Forced to Sell in Order to Eat
August 18, 2012 by TheTruthIsNow

Nota: Veja também o artigo original de Henrique Almeida nas notícias da Bloomberg em 16 de Agosto de 2012.

A realidade presente é esta. A pergunta que inevitavelmente se segue é: Como vão estas pessoas poder viver a partir de agora?